as notícias da campanha

A crise parou durante a campanha. Antes, a crise económica ocupava 80% dos noticiários. Durante a campanha passou a ocupar menos de 20%. Esta é a campanha para a escolha do governo que vai lidar com a crise. Mas o tempo dedicado à crise diminuíu desde que a campanha começou. Surpreendido? Como é que isso aconteceu?

Durante este tempo tivemos um fartote daquilo que aqui designamos há muito por notícias para entreter. Aqui vai a lista completa (não é para ler, evidentemente):

Antes de mais, a gripe para entreter que encheu muito convenientemente os media. Depois umaa multidão de factóides merdosos. O PS usou uma base de dados da TV Cabo para fazer campanha. Proibiram o Gonçalo Amaral de publicar um livro sobre a maddie violando o direito inviolável à liberdade de expressão. A Manuela Ferreira Leite usou um carro do estado na campanha. Despediram a Manuela Moura Guedes violando a independência dos media face ao governo. A selecção ainda não foi eliminada violando as expectativas. O Jardim mandou foder os jornalistas. Em inglês porque é um intelectual patriota. O Jardim diz que se o continente quiser a madeira pode ser independente. A MFL cala-se. Alguém gravou um vídeo de Sócrates antes do debate. Um vídeo sem qualquer ponta de interesse mas que serviu de notícia. TGV a toda a força. A MFL não quer o TGV. O Sócrates quer. A MFL diz que não somos uma província de Espanha. Os espanhóis discordam da MFL. A uma semana das eleições a grande notícia de capa do expresso é: “Louçã tem um PPR”. Depois, e até ao fim da campanha, a grande notícia é: “Alguém escuta o presidente”. Subentende-se que as secretas. Subentende-se que a mando do Sócrates. A MFL faz um cagaçal por causa das escutas ao presidente e põe isso no centro da campanha. Um amigalhaço do presidente é caçado a inventar notícias das escutas para os jornais. O presidente demite o amigalhaço que trabalha para ele há 20 anos e foi caçado. De repente, a MFL cala-se sobre o assunto. O cavaco cala-se. Quanto instada a falar, alguém diz por ela: “A drª não vai comentar um caso privado da Presidência da República”. Brilhantemente reles. Há votos comprados nas eleições do PSD. O PSD diz que vai dar continuidade ao Magalhães. Há negócios à mistura nas campanhas eleitorais do PS no círculo da emigração do brasil. Na véspera das eleições a capa do expresso volta com as escutas. Afinal o cavaco teima que sempre o escutam: “Belém insiste, secretas negam”.

Tudo para distrair o eleitor. Uma avalanche noticiosa. Tudo assuntos cuja urgência (?) os catapultou para as primeiras páginas. Uma vez eleito o governo, todos estes assuntos desaparecerão do horizonte do governo eleito. Ou, como se diz, serão eventualmente entregues às instâncias apropriadas, investigadores e tribunais. Ou seja, desaparecerão. A tarefa de distrair o eleitor da crise está feita. Assim se evitou discutir o papel do PS, PSD e seus ilustres no descalabro nacional. Assim se evitaram as questões sobre a forma de lidar com a crise. Agora, todas as coisas muito “importantes” que ocuparam a campanha podem finalmente ser adiadas. Já se pode arrumar tudo na gaveta.


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Comentários

5 comentários a “as notícias da campanha”

  1. Avatar de alex

    Bem, grande notícia essa. Os mineiros vão reunir-se com o Ministro da Economia e à saída são presos pela PSP. Essa merda, nem no tempo do Salazar.

  2. Avatar de transmutante
    transmutante

    Decididamente.
    Nem no tempo do Salazar.

  3. Avatar de gungunhanha
    gungunhanha

    Na lista das notícias para entreter esqueceste-te de uma: no último dia da campanha eleitoral o presidente resolveu anunciar ao país que vinha aí o papa.

    P.S.: Aproveitem para se livrar de umas multas. Eh!eh!

  4. Avatar de copo de leite
    copo de leite

    Eu tenho sido multado por mamar numas tetas mal lavadas. Será que vou ser indemnizado?

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